quinta-feira, março 29, 2007

Bonjour Tristesse, Martin Eder



na rasgadura do peito exposto
você foi mais um pouco...



terça-feira, março 27, 2007

Jean loup Sieff



“...Letra maiúscula também sangra...”


Ednei Pereira Rodrigues


sábado, março 24, 2007




Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo...


Álvares de Azevedo, em “A Lagartixa”





sábado, março 17, 2007

Reinhard Simon



a transitoriedade das coisas táteis.


teu não-falar.
vasinho partido que eu colei quieta.
no vão entre a cômoda e a escavadeira.





quinta-feira, março 08, 2007

Durwood Zedd



o moço dos pés descalços
era o menino com sandálias de couro.
dedinhos sujos.

tinha os cabelos em caracóis
e mãozinhas pequeninas.
mamava mamadeira.

usava um colar de sementes que arrebentou
e uma camisa com o desenho de um cocar.
tomava tragos largos
fumava cigarros baratos
tinha quatro mulheres de uma vez


e eu o amei por seiscentos e sessenta e seis dias.


o número da besta.
eu.





terça-feira, março 06, 2007

Casa das Rosas. Rascunho número dois. Tema: A máquina. De escrever.

José Paulo Andrade,
www.pbase.com/jandrade


e mesmo que passado o tempo
das folhas velhas das saudades findas,

eu grito, ainda:
quero de volta
minha Olivetti
1977!

eu preciso rasgar meu coração.




sábado, março 03, 2007

mais uma vez. as palavras da gaveta. do fundo. porque algumas coisas se repetem. sempre.

Études pour - Les trois singes, Francine Van hove


Medo

eu tenho um medo. guardado na gaveta de baixo, bem no fundo, com corrente e cadeado. eu tenho um medo trancado. debaixo das revistas velhas. dos cadernos usados. dos livros já lidos. dos papéis amarrotados. eu tenho um medo escondido. pior que de escuro, lugar alto, homem do saco. um medo segredo. o mesmo, desde pequeno. desde a oração cochichada. da febre sob as cobertas. do sinal da cruz no meio da noite. o mesmo desde sempre. um medo que me persegue. me atormenta. me atrapalha. que aparece no canto do quarto. no abrir dos armários. em vulto pelos corredores. em visão pela casa vazia. miragem pela praia deserta. ruído no meio do silêncio. grito durante a madrugada. eu tenho um medo morto. ressucitado. um medo tantas vezes enterrado. mas que sempre volta. que cava a terra ao contrário. para acabar comigo e ser mais uma vez trancado. escondido na gaveta de baixo, com corrente e cadeado. um medo que sempre escapa. foge. eu tenho um medo que sempre espera minha chegada, sorrindo. bem no meio da sala.

Eduardo Baszczyn

 
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