quinta-feira, agosto 23, 2007

descoberta

Sophie Thouvenin



Puberdade. Pela primeira vez ouve, na rua, um elogio masculino.
Sozinha no quarto, ela se despe. Passa e mão pelos cabelos, pelo rosto.
Se detém em cada detalhe e, assim, desvenda seu corpo até os pés. Sons de prazer, contrariedade, espanto, satisfação, mapeiam seus caminhos, orientando a memória.
O tato é seu espelho. Satisfeita, veste a roupa e o casaco. Pega a bengala, chama o cão. Sai.






.

sexta-feira, agosto 17, 2007

maria, a moça dos cabelos que sobraram

Dorotka Ewentualnie


por que sempre o último cigarro da carteira?
carta na manga dos valetes furiosos?
Ah, cansa-me ser, assim, tão gratuitamente susto.

o moço correu pela praia, pulou das pedras.
o outro bebeu-me com gelo seco,
ficou em estado de insanidade.
aquele que meteu-me narinas adentro, hoje é abstêmio,
virou funcionário público.
E o único acautelado,
meu primeiro,
passeia feliz pelas ruas com seu conversível novo,
apenas dez anos mais velho que eu.


.


 
Free counter and web stats