domingo, julho 29, 2007

Encruzilhada




algo me aflige e não sei o que é.
Sinto relampejos de minha existência
se não sei o que fazer nem para onde ir.

Vivo a buscar o signo que me presentifique,
que, uma vez enunciado, seja por si.
Estou exausto de ser uma representação,

Tem um bicho dentro de mim que quer
pular para fora de tudo e ser a aurora,

Ah se eu fosse o sol não arderia tanto!




José Inácio Vieira de Melo
"A infância do centauro", Escrituras



sexta-feira, julho 13, 2007

quinta-feira, julho 12, 2007

"que horas serão para lá desta fotografia?"


Cambridge, 2003



esta memória lâmina incansável


um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
que sei eu sobre tempestades do sangues? e de água?
no fundo, só amo o lado escondido das ilhas
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão



Al Berto

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terça-feira, julho 10, 2007

segunda-feira, julho 02, 2007

rascunho.no quarto andar

Laura Burlton



se estou feliz? não, não sei o que é isso, meu senhor. meus amigos correm todos. apenas um se senta e me lê uma poesia. fala coisas desconexas e fuma cinco cigarros de uma vez. um para cada sentido seu.
eu tenho um amigo que sente.
e grita. e canta. consome tudo. até o fim. engasga cospe vomita. e começa tudo mais uma vez.
não usa sapatos. tem pés descalços, à mostra.
desenha nos corpos, pinta cores no céu. e enfeita os cabelos das flores da primavera anoitecida. essa pessoa, ela, tem olhos de mares de beira de serra, coração de cumeeira. corre pra pegar a estrela que caiu do ceú... tropeça no sonho de ontem. e abre as grades das palavras esquecidas.
policromia de alma nova, de, há tanto tempo, gasta, colhe os planetas do azul, enquanto cobalto, paira,
indecifravelmente,
pelas paredes do apartamento enfumaçado.


é a pessoa mais bonita que eu vi.




 
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