quarta-feira, janeiro 31, 2007
Medo
eu tenho um medo. guardado na gaveta de baixo, bem no fundo, com corrente e cadeado. eu tenho um medo trancado. debaixo das revistas velhas. dos cadernos usados. dos livros já lidos. dos papéis amarrotados. eu tenho um medo escondido. pior que de escuro, lugar alto, homem do saco. um medo segredo. o mesmo, desde pequeno. desde a oração cochichada. da febre sob as cobertas. do sinal da cruz no meio da noite. o mesmo desde sempre. um medo que me persegue. me atormenta. me atrapalha. que aparece no canto do quarto. no abrir dos armários. em vulto pelos corredores. em visão pela casa vazia. miragem pela praia deserta. ruído no meio do silêncio. grito durante a madrugada. eu tenho um medo morto. ressucitado. um medo tantas vezes enterrado. mas que sempre volta. que cava a terra ao contrário. para acabar comigo e ser mais uma vez trancado. escondido na gaveta de baixo, com corrente e cadeado. um medo que sempre escapa. foge. eu tenho um medo que sempre espera minha chegada, sorrindo. bem no meio da sala.
eu tenho um medo. guardado na gaveta de baixo, bem no fundo, com corrente e cadeado. eu tenho um medo trancado. debaixo das revistas velhas. dos cadernos usados. dos livros já lidos. dos papéis amarrotados. eu tenho um medo escondido. pior que de escuro, lugar alto, homem do saco. um medo segredo. o mesmo, desde pequeno. desde a oração cochichada. da febre sob as cobertas. do sinal da cruz no meio da noite. o mesmo desde sempre. um medo que me persegue. me atormenta. me atrapalha. que aparece no canto do quarto. no abrir dos armários. em vulto pelos corredores. em visão pela casa vazia. miragem pela praia deserta. ruído no meio do silêncio. grito durante a madrugada. eu tenho um medo morto. ressucitado. um medo tantas vezes enterrado. mas que sempre volta. que cava a terra ao contrário. para acabar comigo e ser mais uma vez trancado. escondido na gaveta de baixo, com corrente e cadeado. um medo que sempre escapa. foge. eu tenho um medo que sempre espera minha chegada, sorrindo. bem no meio da sala.
Eduardo Baszczyn
domingo, janeiro 21, 2007
lembrança da viagem; o ciclo de Saturno
A viagem do aniversário foi como carregar um livro de história fechado.
Senti-me um neologismo.
Senti-me um neologismo.
quinta-feira, janeiro 18, 2007
terça-feira, janeiro 16, 2007
segunda-feira, janeiro 15, 2007
The Velvet Underground and Nico, 1966
I´ll be your mirror
I´ll be your mirror
Reflect what you are in case you don´t know
I´ll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you are home
When you think the night has seen your mind
That inside you´re twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hand´
Cause I see you
I think it´s hard you don´t know
The beauty you are
But if you don´t, let me be your eye
A hand in the darkness, so you wont be afraid
When you think the night has seen your mind
That inside you´re twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hand
´Cause I see you
I´ll be your mirror
(Reflect what you are)
sábado, janeiro 13, 2007
essa é para a Comadre
E eu passei tão rápido que mal tinha percebido que você já volta já. A sensação era de que você ficaria eternamente mais do que eu aí. Provavelmente porque senti que você, nem um tantinho histerus, aproveitava tudo muito mais do que eu sequer poderia pensar em fazer. Olha, nem preciso te dizer, já descobriu meu segredo, às vezes aberto-escancarado na minha roupa da moda, nas minhas caras e bocas, naquilo que paro, mas digo, agora, e é certo: não é tarde: a viagem foi me-mo-rá-vel. E porque quase caímos no fosso do elevador, andamos tal qual condenadas, tomamos sol como se fosse praia, não entendemos nada do que as pessoas falaram, conhecemos todas as espécies latinas de mosquitos, demos o real valor ao arroz, ao feijão e ao ovo frito, comemos cachorro-quente na ceia do Réveillon, dançamos até cansar, vimos coisas lindas, outras nem tanto, você me ensinou a subir num beliche, eu te mostrei que posso ser ainda mais mal humorada do que a espécie humana poderia esperar de alguém e você não me mandou ir embora, tivemos um começo mais do que emocionante nas redondezas do mercado municipal, conheci um primo do Compadre, até sonhei com ele, conheci outro primo do Compadre, que me fez rir como pouca gente sabe, e afinal, nos divertimos a valer. Eu, enfim,
me arrebatei.
Uma flor de prata pra você. Aproveita o finzinho e me escreve depois.
Saudades.
bisou
Saudades.
bisou
sexta-feira, janeiro 12, 2007
...
"Naqueles tempos ele era vítima de um cirugião-dentista que, de repente, do outro lado da sala do café, da outra extremidade do bonde, da calçada oposta, lançava intempestivamente o seu vozeirão:
_ Como vai a poesia?
Todas as cabeças que se achavam de permeio voltavam-se então para o Poeta. O Poeta, nu, desmascarado, em meio à multidão!"
Mário Quintana
...
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