segunda-feira, dezembro 25, 2006

Wine Medley II, De Grazio

e a taça vazia

fica

a melhor companhia

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domingo, dezembro 24, 2006

Queda


eu me arrebentei, assim, porque o nó era fraco. frouxo. mal dado. eu afundei, em segundos, porque no meu casco havia um buraco milimétrico por onde o mar entrou, aos poucos. inteiro. eu caí com o primeiro vento porque não havia tijolos. eu era construção mal feita. erguida na pressa. madeira com pregos mal batidos. fachada. eu derreti ao sol porque era de plástico. sumi no sopro porque era pó. eu me quebrei na primeira queda porque, por dentro, não havia mais nada. eu me sentia forte, sem saber que já era oco.
Eduardo Baszczyn
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quarta-feira, dezembro 20, 2006

Halleh Bryan



não que eu não saiba nomear a solidão, acho apenas pretendo fingir não sabê-lo
como se as vitrines entupidas de desejos mortos fossem o que a vida tem de bom, de melhor


segunda-feira, dezembro 18, 2006

rascunho para a manhã

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Cansei-me deste cigarro fumado na espera do tédio
calado na boca do grito não dado
parado fechado inter
ditado
A fumaça que bate nos olhos vermelhos e secos sem água sem nada
O vazio que vaza por tudo
escorre nas frestas já velhas das folhas em branco
caídas já secas do outono de outrora
O cinzeiro já cheio
ainda de tocos de pontas pedaços de órgãos desfeitos
jogados lançados lá longe
tão longe
que eu finda aqui e daqui já não vejo
avisto encontro marcado
cortina de fumaça que fechou-se
Fim
O espetáculo encerra.

E você me vem tão desarmado que me desconstrói inteira
me despenteia toda
jogando por terra meus elmos de aço, armadura de coração



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domingo, dezembro 17, 2006

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hoje nada. silêncio.



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sexta-feira, dezembro 15, 2006

Tango, Richard Judson Zolan
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MESMO LONGE LONGE LONGE.

TEU NOME ME É VERBO CONJUGADO



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terça-feira, dezembro 12, 2006

Danaid, Auguste Rodin

O grande medo de Maria era descobrir que suas mais veementes negações eram, na verdade, a quase consciência de seus maiores desejos. Suas incuráveis paixões.

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segunda-feira, dezembro 11, 2006

Asas do Desejo, um filme de Wim Wenders


" Ainda existem fronteiras? Mais do que nunca! Cada rua tem a sua. Entre cada lote tem uma faixa de terra de ninguém. [...] O povo[...] se dividiu em tantos estados quanto existem indivíduos. E estes pequenos estados são móveis. Cada um leva o seu consigo e pede pedágio a quem entra. Tanto para a fronteira só se entra no estado com uma senha..."
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sexta-feira, dezembro 08, 2006

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eu sinto falta
você
pressa


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quinta-feira, dezembro 07, 2006



Spooky Photograph of a Crystal Ball and a Woman's Hands, Giclee Print

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Tenho medo do fim do cigarro. Do fim do poema. Do fim-de-semana.
Já me dói a tristeza do porta-cinzas, do papel em branco, da segunda-feira.
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terça-feira, dezembro 05, 2006

Tudo parado
calado
cigarro
acabado
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O sempre mesmo gosto do ainda
Dê-me um aroma novo
outro
singular
Que faça minha saliva fina
amar
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é só um rascunho pra te dizer o quanto te amamos

Ô, Matilde, querida, fica assim não... Te li ontem e hoje acordei pensando nas suas palavras. É uma vida amargurada mesmo, às vezes. Eu não rezo mais, você bem sabe, também não vou mais pra encruzilhada chamar Exú, mas você nem imagina a corrente que eu e a Ni fizemos aqui, só de pensamento positivo pra você passar logo no tal no concurso, e se não neste, em outro. Pra que você mude logo de vida, que a vida também cansa. Eu não quero me vitimar, não, mas olha só, você tem o seu moço aí, do seu lado, junto com você, pra te ajudar, te amparar, até pra te encher o saco, que os moços fazem isso muito bem. Eu, aqui, e onde quer que vá, só tenho moços de papel, de retrato; e aquele que eu espero tanto, o tal poeta que ainda vou conhecer, quando na Sorbonne, nem de papel eu tenho, é só moldura só, que eu já deixei pronta pra quando ele chegar. O meu amor é feito de nuvem, de água diminuta suspensa no ar. Pensa nisso, Matilde querida. E olha também, se você quiser uma companhia pra tomar um café, é só me chamar. Sei que é longe, mas eu vou sim. Hoje eu tenho cincão, dezão, até quinzão! eu tenho e daria todas as minhas moedas pra te alegrar um pouco que fosse.Também te deixaria filar todos os meus cigarros; é claro, se isso não prejudicasse muito a sua bronquite, a asmática, que prejudicar um pouco não é mal. Por você, Matilde, eu troco até uma tarde no shopping! Mentira, que não gosto mais de shoppings. E mentira de novo, que não te troco por nada. Amamos você. Bisou bisou.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

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Nada é tão distante quanto a poesia
ou tão silencioso quanto meu grito mudo
que incontido cala na boca fechada do meu poeta ex-tinto.




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Do amor

The kiss, Matthew Alan

"Amor é a designação romântica dada a um comuníssimo processo biológico, ou, digamos, químico. A seu respeito se diz e se escreve muita bobagem."

_ Greta Garbo para Melvyn Douglas no filme Ninotchka.

domingo, dezembro 03, 2006

Jesus Colegge, Cambridge




The Bridge of Sighs, St. John's Colegge, Cambridge


sábado, dezembro 02, 2006

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Hoje eu vi um gato preto...


Muitas saudades, querida...

Poema sem nome



(Quando o sol se pôs. E tudo começou...)

Mil pontos de interrogação.
Hoje eu sou mil pontos de interrogação.
Fui feita em meio a vírgulas desnecessárias
entre os parênteses do bem-me-quer alheio.
Quando me terminaram
esqueceram-se de meus pontos finais
e eu caminhei
assim
pela vida
deixando-me aos pedaços inteiros
nas vielas de corpos cansados.
E nas idas e vindas
de amores caídos
fui proscrita de teu coração.
Desterrada de você
fui expatriada de teu enleado território
meu.
Agora, só continuo.
Na eterna repetição de meu ato final.
E nas reticências de meu ser irresoluto
vou...


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O coração da Maria. De vidro.

 
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