Ritao amor, às vezes, pode ser mesmo um sofá?
cholchãozinho velho estendido no chão
sala emprestada
corrida de carrinhos
tela de vidro
louça suja debaixo da mesa
esmaltes arranhados
dentes porcelana-da-china.
esmaltes arranhados
dentes porcelana-da-china.
uma coisa
que alguém
mete no bolso
calça jeans surrada _
um número a mais
e a bailarina rodo
piando tonta.
era esse o palco da estação passada?
o pano de boca
piando tonta.
era esse o palco da estação passada?
o pano de boca
velho
gasto
descorado do desejo em prosa
o texto não se justifica.
descorado do desejo em prosa
o texto não se justifica.
quando nunca se espera
o amor se transmutou em pó
comprado em pacotinhos selados
matematizado por contas de mais_
a estimativa de vida-útil,
sendo consistentemente
adulterado com sal de cozinha e
fermento para bolos de parabéns-a-você.
são 10 miligramas de sentimento amoroso.
eu fumo um minuto dessa fala amontoada
e já engasgo na boca do primeiro verso.
_ é que são tempos de guerras frias,
armazenamento de especiarias importadas.
ok, então,
eu costuro uma estrela no peito.
o sonho mofado
veio dormido da manhã de ontem.
engoli com café requentado
mirando os carrinhos correndo na tela.
a pole position do amor a granel.
e o amargo
fica
na ponta da língua
le chapms de filles.
gelo em forminhas de coração
derretendo no banho-maria
descuidosamente
le chapms de filles.
gelo em forminhas de coração
derretendo no banho-maria
descuidosamente
deixado
a meio fogo
a meio fogo
lento do fim.
