
frio nos campos de trigo
luva de coração
casa dos cinco
prematuridade
tarde
fotocópia do amor
sem technicolor.
hollywoodsman
"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios" - Clarice Lispector
do décimo segundo andar
confortável sala de veludo e vidro café da manhã
avistamos as vassouras agitadas
do edifício ao lado.
é domingo.
e
de repente
o amargo do café preto
escurece o laranja do suco de frutas colhidas
no interior do país
tropical.
.
Puberdade. Pela primeira vez ouve, na rua, um elogio masculino.
Sozinha no quarto, ela se despe. Passa e mão pelos cabelos, pelo rosto.
Se detém em cada detalhe e, assim, desvenda seu corpo até os pés. Sons de prazer, contrariedade, espanto, satisfação, mapeiam seus caminhos, orientando a memória.
O tato é seu espelho. Satisfeita, veste a roupa e o casaco. Pega a bengala, chama o cão. Sai.
.
não fico mais.
as ruas estão cansadas dos barulhos das castanholas.
tacos de saltos,
tudo é rouco.
sarjetas velhas me pedem a última dose.
eu canto baixo
e dou um tiro.
saúdo os que se recolhem antes.
te prego cinco vezes na mesma cruz
fumo os filtros dos amores teus
e tinjo a casa do vermelho que sobraste.
eu também temo.