tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e o remorso
um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas
ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponível, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade de meu próprio corpo
Al Berto
de «Trabalhos do Olhar» 1976/82: Sete dos Ofícios, 1980
de «Trabalhos do Olhar» 1976/82: Sete dos Ofícios, 1980
6 comentários:
queria xingar tanto quanto fosse possível para expressar o quanto este texto é ...nem sei... muito..esse texto é muito bom. vou procurar tudo deste cara...
querida ana,
vou tentar.....mas estive des-sendo nos ultimos tempos....nomade do trabalho.
a silvia era soh mais uma sobrevivente como eu e vc. ou como a dona maria do complexo do alemao...que nao tem a verve da silvia mas eh tao poetica e VIVE mesmo que o mundo insista que ela deveria estar morta.
bjos e obrigado....
Muito bom, moça!
Olha, te respondei lá no Ácido.
Beijoconas!
ana palindrômica, este poema é estupidamente belo. o caeiro expressou muito do que sinto quando leio al berto.
beijo
O alcance e a subtileza deste belissimo poema de AL Berto é como um raio iluminando uma noite de tempestade!
Um BeijO...
Saudade é vontade de ver de novo...
Bom saber que a luz se acende de novo, nesta alcova de vida inteligente e sentimentos intensos...
Beijos
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