quarta-feira, abril 29, 2009
domingo, outubro 05, 2008
domingo, agosto 31, 2008
Rita
o amor, às vezes, pode ser mesmo um sofá?
cholchãozinho velho estendido no chão
sala emprestada
corrida de carrinhos
tela de vidro
louça suja debaixo da mesa
esmaltes arranhados
dentes porcelana-da-china.
esmaltes arranhados
dentes porcelana-da-china.
uma coisa
que alguém
mete no bolso
calça jeans surrada _
um número a mais
e a bailarina rodo
piando tonta.
era esse o palco da estação passada?
o pano de boca
piando tonta.
era esse o palco da estação passada?
o pano de boca
velho
gasto
descorado do desejo em prosa
o texto não se justifica.
descorado do desejo em prosa
o texto não se justifica.
quando nunca se espera
o amor se transmutou em pó
comprado em pacotinhos selados
matematizado por contas de mais_
a estimativa de vida-útil,
sendo consistentemente
adulterado com sal de cozinha e
fermento para bolos de parabéns-a-você.
são 10 miligramas de sentimento amoroso.
eu fumo um minuto dessa fala amontoada
e já engasgo na boca do primeiro verso.
_ é que são tempos de guerras frias,
armazenamento de especiarias importadas.
ok, então,
eu costuro uma estrela no peito.
o sonho mofado
veio dormido da manhã de ontem.
engoli com café requentado
mirando os carrinhos correndo na tela.
a pole position do amor a granel.
e o amargo
fica
na ponta da língua
le chapms de filles.
gelo em forminhas de coração
derretendo no banho-maria
descuidosamente
le chapms de filles.
gelo em forminhas de coração
derretendo no banho-maria
descuidosamente
deixado
a meio fogo
a meio fogo
lento do fim.
sábado, julho 05, 2008
sexta-feira, maio 16, 2008
la menteuse
em dias assim, inchume-do-peito, até os barulhos dos sacos plásticos amarrotados pelo vento me fazem doer os ossos dos seios. e eu posso ouvir uma faísca saltando da brasa do teu cigarro, desse fumo bêbado que a tua boca suga, a espaços-sem-alma de distâncias de mim.
me faz estalar o coração.
e dói tanto que eu não sinto mais.
me faz estalar o coração.
e dói tanto que eu não sinto mais.
sábado, fevereiro 23, 2008
quinta-feira, janeiro 17, 2008
segunda-feira, janeiro 14, 2008
segunda-feira, dezembro 24, 2007
a catarse um. ou das efêmeras inspirações.
domingo, novembro 25, 2007
...
pontaria
equilibrada sobre o pé direito, mais uma vez, a menina desistiu da brincadeira. nunca. atirada de sua mão, a maldita pedra nunca caía no céu. no pequeno espaço, para poucos, desenhado com giz, no final da amarelinha.
Eduardo Baszczyn
quarta-feira, outubro 10, 2007
ode to my family
A mãe roubou quatro mil dinheiros da filha pequena
para pagar as contas da boutique.
A família toda gritou em silêncio. E ninguém disse palavra.
Virou segredo confinado.
No dia seguinte todos tomavam café juntos.
E se riam alegres.
A família estava doente.
E o único parente lúcido tomava antidepressivos.
.
quarta-feira, outubro 03, 2007
em laboratório
do décimo segundo andar
confortável sala de veludo e vidro café da manhã
avistamos as vassouras agitadas
do edifício ao lado.
é domingo.
e
de repente
o amargo do café preto
escurece o laranja do suco de frutas colhidas
no interior do país
tropical.
.
quarta-feira, setembro 26, 2007
terça-feira, setembro 11, 2007
sweetheart
quinta-feira, agosto 23, 2007
descoberta
Puberdade. Pela primeira vez ouve, na rua, um elogio masculino.
Sozinha no quarto, ela se despe. Passa e mão pelos cabelos, pelo rosto.
Se detém em cada detalhe e, assim, desvenda seu corpo até os pés. Sons de prazer, contrariedade, espanto, satisfação, mapeiam seus caminhos, orientando a memória.
O tato é seu espelho. Satisfeita, veste a roupa e o casaco. Pega a bengala, chama o cão. Sai.
.
sexta-feira, agosto 17, 2007
maria, a moça dos cabelos que sobraram
por que sempre o último cigarro da carteira?
carta na manga dos valetes furiosos?
Ah, cansa-me ser, assim, tão gratuitamente susto.
o moço correu pela praia, pulou das pedras.
o outro bebeu-me com gelo seco,
ficou em estado de insanidade.
aquele que meteu-me narinas adentro, hoje é abstêmio,
virou funcionário público.
E o único acautelado,
meu primeiro,
passeia feliz pelas ruas com seu conversível novo,
apenas dez anos mais velho que eu.
.
domingo, julho 29, 2007
Encruzilhada
algo me aflige e não sei o que é.
Sinto relampejos de minha existência
se não sei o que fazer nem para onde ir.
Vivo a buscar o signo que me presentifique,
que, uma vez enunciado, seja por si.
Estou exausto de ser uma representação,
Tem um bicho dentro de mim que quer
pular para fora de tudo e ser a aurora,
Ah se eu fosse o sol não arderia tanto!
José Inácio Vieira de Melo
"A infância do centauro", Escrituras
sexta-feira, julho 13, 2007
quinta-feira, julho 12, 2007
"que horas serão para lá desta fotografia?"
esta memória lâmina incansável
um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
que sei eu sobre tempestades do sangues? e de água?
no fundo, só amo o lado escondido das ilhas
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
Al Berto
.
.
.
terça-feira, julho 10, 2007
segunda-feira, julho 02, 2007
rascunho.no quarto andar
Laura Burlton
se estou feliz? não, não sei o que é isso, meu senhor. meus amigos correm todos. apenas um se senta e me lê uma poesia. fala coisas desconexas e fuma cinco cigarros de uma vez. um para cada sentido seu.
eu tenho um amigo que sente.
e grita. e canta. consome tudo. até o fim. engasga cospe vomita. e começa tudo mais uma vez.
não usa sapatos. tem pés descalços, à mostra.
desenha nos corpos, pinta cores no céu. e enfeita os cabelos das flores da primavera anoitecida. essa pessoa, ela, tem olhos de mares de beira de serra, coração de cumeeira. corre pra pegar a estrela que caiu do ceú... tropeça no sonho de ontem. e abre as grades das palavras esquecidas.
policromia de alma nova, de, há tanto tempo, gasta, colhe os planetas do azul, enquanto cobalto, paira,
indecifravelmente,
pelas paredes do apartamento enfumaçado.
é a pessoa mais bonita que eu vi.
se estou feliz? não, não sei o que é isso, meu senhor. meus amigos correm todos. apenas um se senta e me lê uma poesia. fala coisas desconexas e fuma cinco cigarros de uma vez. um para cada sentido seu.
eu tenho um amigo que sente.
e grita. e canta. consome tudo. até o fim. engasga cospe vomita. e começa tudo mais uma vez.
não usa sapatos. tem pés descalços, à mostra.
desenha nos corpos, pinta cores no céu. e enfeita os cabelos das flores da primavera anoitecida. essa pessoa, ela, tem olhos de mares de beira de serra, coração de cumeeira. corre pra pegar a estrela que caiu do ceú... tropeça no sonho de ontem. e abre as grades das palavras esquecidas.
policromia de alma nova, de, há tanto tempo, gasta, colhe os planetas do azul, enquanto cobalto, paira,
indecifravelmente,
pelas paredes do apartamento enfumaçado.
é a pessoa mais bonita que eu vi.
segunda-feira, junho 25, 2007
sexta-feira, junho 08, 2007
“Se você me perguntar como são as pessoas daqui, eu responderei: como em todo lugar! A espécie humana é absolutamente uniforme. A maior parte trabalha quase todo o tempo para viver, e o pouco que lhes resta de liberdade amendronta-os de tal modo que procuram todos os meios para se livrarem dela. Ó, destino do homem!”
J. W. Goethe,
em “Os sofrimentos do jovem Werther”
domingo, junho 03, 2007
sexta-feira, junho 01, 2007
sua ciência acumulava-se em folhas de papel recortadas de jornais e em rascunhos feitos a mão, metodicamente guardados em pastas empilhadas nas estantes empoeiradas do almoxarifado onde vivia.
quase tudo o que sabia jazia fora de si. guardava consigo, apenas, o sentir das coisas do mundo, sua vida. seu coração.
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